quinta-feira, 30 de julho de 2009

A travessata

La Travessata from rui lima on Vimeo.




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1º dia
Dia SS (só sofrimento)

Acordo estremunhado, sinto a chuva a bater no colmo da minha barraca........ uma pinga de chuva cai-me dentro da boca ressequida e alivia a secura que se fazia sentir dentro das entranhas desta estrutura mal tratada …...

Ainda meio tonho sinto um arrepio na espinha, e vejo três almas penadas e estranhas, roupas justas e escuras tapavam meio corpo a outra metade era mais reluzente e bizarra.....
Pensei..... Raios parta o vinho......

Lavo as bentas no penico que amparava as goteiras de liquido que teimava em se meter onde não era chamado, e recupero um pouco a minha lucidez....

A custo ingeri o mata- bicho, e esperei que surtisse o efeito …....

Na noite anterior andava na tasca um velho que dizia ter 149 anos, contando umas larochas ia cravando uns traçadinhos a dois putos que por lá bebiam umas colas colas..... entre a conversa ouvi dizer que havia romaria lá pro Gerês.
Entornei mais uns quantos e saí.
À porta da tasca tava uma bicicleta tombada, olhei.... olhei..... e montei nela..... “ o resto não me me lembra”

Adiante ….........

Espreguicei-me.......

O Carburante já tinha feito o efeito, Puxei a cortina que faz de porta e vi a bicla
e montei nela de novo.....
Comecei a andar, e ao chegar a vila (Ponte de Lima) Lembrei-me do Velho e da festa, sem fazer ideia o que me esperava comecei a rumar para a serra, a subida por estrada até á Boalhosa era já conhecida.......
Sentia algo, uma espécie de perseguição.........mas....... ….................................

No alto o nevoeiro e a chuvinha refrescavam-me as fuças,
Optei por seguir umas placas que diziam vila verde, que me levaram por um carreiro de terra e pedra,
A inclinação piorou, ora a pé, ora montado lá cheguei ao topo onde existe uma barraca tipo a minha, mas esta mais alta e esguia e construída em cima de uns paus....

Comecei a descer e sinto um vulto a passar por mim, assim como aparece desaparece de novo no nevoeiro, assustado toco mais pedais, mas...
mais dois se mantinham na minha cola, estes eu via perfeitamente, um montado numa branca com umas letras que diziam (KTM) parecia forte apesar de descaído de um ombro, o outro era mais fino, parecia mais tenrinho.....

Assustado...... cortei num carreiro ainda mais estreito á direita e deixei os dois demónios para trás....

Tava preocupado, os codeços fechavam o caminho e nevoeiro só deixavam ver 5 ou 6 metros, a chuva mostrava cada vez mais a sua força e eu borrado de medo só me lembrava de tocar pedais loucamente por aquela descida vertiginosa.......

De quando em vez via o primeiro diabo, aparecia com um aparelho na mão, como se tivesse a tirar-me as medidas, mal eu passava ele desaparecia de novo na sua velha cinzenta, para mais à frente voltar a aparecer vindo ora da direita ora da esquerda, e num epice esfumava-se de novo.......

Isto foi-se repetindo por várias vezes,
só o medo me mantinha em cima da bicicleta a pedalar, estava roto.
Ouvia umas gargalhadas assustadoras vindas do lado de Mixoes da serra, mas eu tinha de seguir em direcção à aldeia porque sabia que era a povoação mais próxima...... Continuei a pedalar por terra, por pedra, por agua, muita água......

Cheguei a Mixões exausto com frio.....e Não se via Ninguem, olhei para o relógio da igreja e marcavam 2h10 minutos, estranhei.......olhei para o meu marcava 2h35 …. que raio o relógio da igreja tava parado há 25 minutos......

Um trovão relembrou-me o pesadelo....

Num canto do coreto Lá estavam dois dos três, o da branca e o outro que agora eu reconhecia ser o velho da tasca....
Este com um sorriso que mostravam os caninos ensanguentados, olhos rasgados, o seu parceiro acompanhava neste festim que para eles parecia usual, o terceiro chegava agora ….. como se fosse um iniciado neste tipo de caçadas.....

Fugi........ fugi.........em direcção à vila do geres, com estas três sombras sempre no meu encalço,

Já à entrada da Vila do Geres, Vejo uma procissão, na frente um andor com um Santo António, como se por milagre as três sombras perseguidoras explodem e desaparecem por entre a chuva....

Eu não sentia o meu corpo nem alma...
Sentei-me num tasco da festa e pedi um garrafão de vinho e um presunto, comi e bebi ...até que adormeci sentado no meio do arraial.....




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2º Dia O regresso
Dia QB (quentes e Boas)


Com um empurrão do tasqueiro acordei,
O sol entrava pela armação da tenda, ao fundo da comprida mesa estavam três estranhos vagabundos ingeriam um liquido acastanhado e borbulhento ,
desligados da minha presença conviviam em amena cavaqueira, exuberantes contavam aventuras de passeatas que se iam entretendo a fazer durante o fim de semana....

Eu curioso afiei o ouvido, e captei as palavras Ponte de Lima …..
Fiquei alerta, e aproximei-me deles .
Combinavam visitar a minha terriola, e eu com a vivências do dia anterior atrevi-me a falar....

(posso ir convosco) Eles supresos com a minha figura patética , entre olharam-se e acederam ao meu pedido.....

Montamos as bicicletas, e partimos para a Portela do Homem , mas como ainda sentia os arrepios do dia anterior continuei na senda deles, chegados a Espanha , afastam-se ainda mais para as minas para depois, se atirarem com os ferros por um carreiro de pedra que parecia não ter fim.

Após a subida ao regaço de Santa Eufémia, chega-mos ao Lindoso

Háaaaaaaaa tou perto de casa, pensei eu....
Mas os brutos teimaram em subir mais uma amarela, para depois de arrebolarem por um suicida empedrado que me deixou mais morto que vivo....

Depois disto sim fomos Para a vila junto ao rio Lima...


Encontrei estes postais pelo caminho
Vou por aqui para vocês verem